NÃO É SAUDOSISMO...

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NÃO É SAUDOSISMO...

... APESAR DE TER PASSADO, EM MINHA EXISTÊNCIA, PELOS MOVIMENTOS O PETRÓLEO É NOSSO E O NEFASTO PERÍODO DITATORIAL. SEMPRE APRENDI QUE ONDE HÁ FUMAÇA HÁ FOGO E NA POLÍTICA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS SE APLICA MUITO BEM ESSE ADÁGIO POPULAR. LONGE DE SER ANTIAMERICANO E XENÓFOBO, ANALISO BEM ANTES DE EMITIR QUALQUER
OPINIÃO OU PENSAMENTO. TENHO RECEBIDO MUITOS LINKS E E-MAILS TRATANDO DO ASSUNTO INTERNACIONALIZAÇÃO DA AMAZÔNIA E JÁ POSTEI EM OUTRO BLOG, ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O ASSUNTO. POR FORÇA DA MINHA PROFISSÃO - ANALISTA DE SISTEMAS - FUI PESQUISAR NA REDE O QUE HAVIA SOBRE O ASSUNTO. DEPAREI-ME COM APROXIMADAMENTE 23.300 LINKS. SE CONSIDERAR-MOS QUE PODEM HAVER 50% DE REPIQUES, AINDA SOBRAM AINDA 11.500 OPINIÕES. SE CONSIDERARMOS
50% PARA PRÓ E 50% PARA CONTRA, ENCONTRAREMOS 5.750 QUE SÃO CONTRA A INTERNACIONALIZAÇÃO DA AMAZÔNIA. VAMOS COMBINAR QUE SÓ 10% SEJAM POSIÇÕES BEM FUNDAMENTADAS E QUE POSSAM SER COMPROVADAS, SOBRAM 575 ARTIGOS QUE MANDAM EMBORA OS YANKEES( NÃO PODEM SER CHAMADOS ESTADOUNIDENSES, POIS OS MEXICANOS E BRASILEIROS TAMBÉM O PODEM SER - NORTEAMERICANOS TAMBÉM NÃO, POIS MEXICANOS E CANADENSES TAMBÉM O SÃO) - NÃO PEJORATIVO. VOU EM BUSCA DOS 575 ARTIGOS COERENTES.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Amazônia: a outra face de Deus

Amazônia: a outra face de Deus

Não sei realmente por que, mas naquele dia, caminhando por aquele bosque que mais parecia uma floresta de pínus, fixei os olhos nos meus pés. A terra um pouco umedecida e o ar frio que soprava não me intimidavam, ainda que o sono quisesse me levar de volta à minha casa.
Sempre gostei das florestas, das matas, dos bichos que vivem daquilo, e todas as vezes que estou envolto às árvores, mantendo meu ritmo de caminhada, onde ouço apenas meus passos e os pássaros, penso em Baruch Spinoza (1632-1677), um filósofo do século XVII. Nascido em uma família judaico-portuguesa, seus familiares vinham, havia algum tempo, fugindo da Inquisição. Filho de um rico comerciante, viria a se tornar, posteriormente, um dos maiores pensadores racionalistas dentro da chamada filosofia moderna. Spinoza acreditava que Deus era a engrenagem que movia o Universo, e que os textos bíblicos nada mais eram que símbolos que dispensam qualquer abordagem racional.
Contudo, o mais interessante em Spinoza era sua visão una de natureza e Deus – a natureza como um reflexo da expressão divina. Por certo, com base nesse ponto de vista, podemos, sim, nos conectar com Deus quando estamos em sintonia com a natureza. Não há por que negar que não existem diversas maneiras de orar; pensar nas questões ambientais, na luta pela sua preservação também é uma forma de oração. Caminhar pela manhã sentindo o orvalho no rosto e o cheiro das folhas de eucalipto é mais do que exercitar os passos firmes em direção ao alto da montanha – é reaver o conceito panteísta de que Deus é naturante e a natureza, naturata (gerada).
Ainda me lembro de quando sobrevoava a Amazônia vindo de um Congresso de empresários na Venezuela dois anos atrás. A imensidão do verde me fez pensar em todas as formas de vida que ali habitavam; era como se eu avistasse de cima a expressão divina da criação. A preocupação com a preservação da Amazônia é uma constante em todos nós, e tudo o que lá habita pertence a nós brasileiros. Por consequência, deve existir um nexo causal, de cunho filosófico-espiritual, entre Deus e a obrigação cívica do nosso povo em tutelar aquela área.
Por isso o governo deve encaminhar ao Congresso Nacional uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para deixar claro que os investidores podem investir em qualquer campo, mas não em terras. Segundo estatísticas do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), estima-se que a área total do território brasileiro sob propriedade estrangeira chegue a 4,037 milhões de hectares e cresce cotidianamente; além disso, é relevante notar que o levantamento do Instituto não inclui propriedades de empresas supostamente nacionais que, na verdade, são controladas de modo direto ou indireto por capitalistas de outros países.
Sempre que caminho nas minhas manhãs penso na grandiosidade divina e em nossa responsabilidade ambiental como brasileiros. Imagino a expressão de gratidão daqueles seres da floresta, à imagem divina, que nada possuem em sua defesa a não ser enxergarmos a natureza como a via Spinoza. Caminhar pelos campos verdes, na luta contra a destruição das florestas, é sair em defesa contra as serras afiadas do lucro que rasgam a face verde de Deus e lutar contra os que jamais caminharam na mata sentindo o orvalho no rosto ou souberam que natureza e Deus nada mais são que uma mesma oração.
Fernando Rizzolo

RESERVAS INDÍGENAS SEM BANDEIRA NACIONAL????

Por que tentam proibir a bandeira brasileira nas reservas indígenas de Roraima?

24/01/2009
Por IvoSGReis
A notícia é de agosto de 2008, mas os efeitos ainda permanecem, até hoje. Vejam um, apenas um dos motivos, dentre tantos, porque vimos dizendo em nossos blogs que a demarcação contínua das reservas indígenas é um erro que atenta contra soberania nacional. A notícia foi dada na coluna do jornalista Carlos chagas, na "Tribuna da Imprensa". A ilustração que colocamos ao lado (não integrante da notícia) é para que o leitor possa avaliar a gravidade da situação. 
O pior em tudo isso é que o povo brasileiro parece ainda não ter atentado para as nefastas conseqüências do problema. Como se diz na gíria jovem: "Não caiu a ficha". 
Fiz um teste colocando uma pergunta sobre o assunto no Yahoo! Respostas, do tipo "Você é a favor ou contra? Por quê?" e (pasmem!) das 10 respostas recebidas apenas duas souberam identificar o problema e posicionar-se contrariamente à demarcação contínua da reserva Raposa Serra do Sol (vejam as respostas na barra lateral deste blog, item "Participação no Y!R"). Todos os demais leitores disseram-se favoráveis, alegando que o STF está agindo corretamente, apesar dos absurdos da futura provável decisão. O Governo e os inimigos da pátria agradecem a ignorância do povo brasileiro porque, assim, não criam obstáculos às suas investidas contrárias aos interesses nacionais.
É por essas e outras, que e o país vem sendo considerado presa fácil para os interesses imperialistas das grandes potências. Vejam, abaixo, a intrigante reportagem do brilhante jornalista Carlos Chagas, com o título

"TIRARAM A BANDEIRA BRASILEIRA":

Carlos Chagas - Tribuna da Imprensa

Vale abrir espaço para o desabafo de um militar que serviu na Amazôniadurante quase toda sua vida profissional. Hoje na reserva, o coronel Gélio Fregapani, um dos fundadores da Escola de Guerra na Selva, revela toda sua indignação numa nota por nós recebida:
"A cidadezinha de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, é a única povoação brasileira nas serras que marcam, no Norte, o início do nosso País". Apesar de toda a pressão, essa população está crescendo, o que torna mais difícil a missão dos traidores da pátria: acabar com o enclave brasileiro na pretensa nova "nação" separada do Brasil, a reserva Raposa-Serra do Sol, em área contínua que chega até a fronteira.
Uma das vilas sob pressão dos traidores resiste. Surumu, que mantém hasteada das 6 às 18 horas uma grande bandeira nacional, como símbolo da decisão de se manter brasileira. Sorrateiramente, num fim de semana, gente do Conselho Indígena de Roraima (CIR) retirou a bandeira, depois de espezinhá-la.
A população local, na maioria índios, mas todos brasileiros, indignados com o ato antipatriótico e com indiferença das autoridades, prepararam-se para retomar a bandeira à força. Na iminência de um conflito, a Funai afinal se mexeu: fez com que os asseclas do CIR devolvessem a bandeira, que novamente tremula em Surumu. Entretanto, ao devolvê-la, declararam que depois de agosto haveria outra bandeira hasteada, e que não seria a brasileira.
Após esse incidente o CIR declarou que bloqueará o entroncamento da BR-174 para a vila Surumu, o que me parece difícil pelo seu pouco efetivo, embora prenhe de recursos das Ongs e, mesmo, da Funasa. O CIR solicitou ainda da Funai 15 passagens aéreas para seus índios virem a Brasília reforçar seus lobbies. Eles mantêm a pressão enquanto tentam reduzir Pacaraima pelo estrangulamento de recursos, cortados por setores governamentais mal informados ou mal intencionados.
Com o refluxo dos brasileiros expulsos das pequenas fazendas e vilas que existiam antes da homologação da reserva Raposa-Serra do Sol, as necessidades da prefeitura são desproporcionais para atender nossos conterrâneos, índios e não índios. "Se você puder ajudar de alguma forma, lembre que o Brasil precisa de todos nós para permanecer inteiro."
O coronel Fregapani informa que esta semana reúne-se em Pacaraima pessoal daConfederação Nacional de Agricultura, para conhecer as ameaças à integridade do Brasil. Em Brasília, segundo seu texto, "o ministro da (in) justiça, numa audiência, tentará convencê-los de seus pontos de vista, com o auxílio de gente do CIR e da ex-ministra Marina Silva. O contraponto será o senador Mozarildo Cavalcanti. Toma vulto a marcha dos produtores rurais a Pacaraima".
Outra notícia dada pelo militar é de que agentes da Polícia Federal vem expressando seu desacordo com a retirada de brasileiros da reserva Raposa-Serra do Sol. A Força Nacional de Segurança também compreende o malefício que causará a entrega da região ao CIR.
O Supremo decidirá
Caberá ao Supremo Tribunal Federal decidir, ainda este ano, a respeito da extensão da reserva Raposa-Serra do Sol, em Roraima. O governo demarcou uma área contínua, iniciativa agora contestada na Justiça, tendo em vista a expulsão de centenas de fazendeiros, plantadores de arroz lá estabelecidos há décadas.
Mantida a demarcação, a reserva ficará despojada da autoridade pública federal ou estadual, constituindo-se num enclave de interesses internacionais representados pelasOngs, cujo objetivo maior é mesmo a transformação de tribos brasileiras em "nações" independentes, presa fácil das mineradoras multinacionais e até de governos estrangeiros.
 ————————————————————————————————-

O Objetivo final:

Mas, afinal, o que se pretende com toda essa celeuma existente naquela conturbada e disputada região? Quais os reais interesses envolvidos e que riquezas existem por lá, a ponto de fomentar tão acirrada disputa? Bem, isto é uma história comprida, que já seria matéria para um ou outros artigos. É preciso voltar no tempo, estudar a História do Brasil e também a de como se mudou o traçado político de várias nações, pelo países imperialistas, não só com guerras, BrasilSemAmazonia.jpgmas também com "pressões diplomáticas". Por ora, deixo a figura ao lado, para que vocês meditem sobre o que as grandes potências almejam para o Brasil. Só para lembrar: No passado, mais precisamente em 1904, um golpe semelhante aconteceu na mesma região, no Nordeste de Roraima, quando o Brasil perdeu a Planície do Pirara para os ingleses, sem precisar de nenhuma guerra – apenas a ação da Diplomacia Internacional. E a artimanha usada foi a infiltração entre os índios macuxis, sob o pretexto de "defender seus direitos". Isto custou ao Brasil a perda de uma área de 19.630 km², suficiente para criar-se um pequeno país. Alguém lembra disto?  

Vamos cair no mesmo golpe, de novo?

É isso aí, caros leitores. Parece que sim. Seria uma burrice diplomática, apenas "mais uma". Talvez seja só uma questão de tempo, mas acredito que já estejamos bem próximos de perder uma grande parte do território nacional. Isto já aconteceu no passado, bem próximo àquela região, quando perdemos uma considerável parte do nosso território, sem nenhuma guerra, apenas pela ação inteligente da diplomacia estrangeira. Parece que a história vai se repetir, com a cumplicidade, burrice ou ingenuidade do nosso próprio Governo e dos nossos ministros(estes, talvez forçados, porque têm preparo e inteligência). As Forças Armadas, que enxergaram o problema e poderiam fazer alguma coisa, estão amordaçadas, impedidas de falar e de agir. 
Então, seria a vez do povo. Mas o que se pode esperar de um povo desinformado e socialmente alienado? Quem souber ou tiver melhor idéia, responda! Mas tem de ser agora, porque se o STF der uma canetada a favor da "demarcação contínua", as ONGs internacionais e o "olho gordo" das potências estrangeiras vão soltar foguetes, porque o que eles querem, é "fechar todo o mapa do Norte de Roraima e da Amazônia" com reservas indígenas ( as "TI") e depois, reivindicar as suas autonomias como nações, obter o apoio internacional (que será dado) e o golpe estará feito. Ah, Orlando Villas Boas, que falta você nos faz!… Sua visão foi profética. 

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Por que os EUA têm medo de mim? por Raquel Gutierrez via esquerdeopata

quarta-feira, 27 de julho de 2011


Por que os EUA têm medo de mim?

RAQUEL GUTIERREZ

Na quarta-feira, 20 de julho de 2011, às 10h35,
embarquei no vôo 033 da Aeroméxico, na Cidade
 do México, para ir a Barcelona. Ali eu faria uma
 conexão com um vôo da Alitalia com destino à Itália,
 onde me reuniria com amigos para compartilhar
experiências sobre lutas latino-americanas. O vôo
estava prosseguindo normalmente até pouco após a meia-noite, quando o comandante
 disse que íamos retornar a Monterrey, no México, porque o espaço aéreo dos Estados
 Unidos tinha sido fechado.

Para minha surpresa extrema, quando desembarcamos em Monterrey, um pouco
 depois da 1h, uma comissária de bordo solicitou minha identificação e então pediu
 que eu recolhesse minhas coisas e a acompanhasse para fora do avião. Quando
 cheguei à porta, alguns policiais federais mexicanos e dois ou três funcionários da
Aeroméxico pediram que eu me identificasse novamente e que deixasse o avião. Eu
 disse a eles que não sairia do avião enquanto eles não me explicassem o que estava
acontecendo. Eles falaram: "O governo dos Estados Unidos recusou o avião porque
 você está nele".

Fiquei espantada. Uma pessoa simpática da Aeroméxico em Monterrey me disse
que a empresa também ficara espantada e que veria o que era possível fazer.
Não tive outra escolha senão descer do avião. Os policiais federais me pediram
para entregar uma cópia do meu passaporte. Acho que as jovens funcionárias da
Aeroméxico ficaram tão estarrecidas quanto eu.

Aguardamos no aeroporto por uma hora e meia até que eles finalmente puderam
deixar o avião repartir. Depois disso, me levaram para um hotel. Eu estava
assustada e enfurecida. Pedi que me conseguissem um lugar no primeiro vôo de
volta à Cidade do México, coisa que concordaram em fazer. Tive um sentimento
de choque e vulnerabilidade profunda e queria desesperadamente voltar para a
segurança de minha casa.

Eu estava furiosa. Como podem essas "autoridades dos Estados Unidos" agir com
tamanho despotismo? Como é que elas têm o poder de obrigar uma passageira a
descer de um avião pertencente a uma companhia aérea de outro país, que está a
 caminho de um país que não é os EUA, deixando a passageira no meio do norte do
México, de madrugada?

As autoridades americanas deveriam explicar o perigo que teria sido causado se
eu tivesse voado 30 mil pés acima da América. Já sobrevoei os EUA diversas
vezes nos últimos anos sem qualquer problema; logo, trata-se de uma mudança
na política dos EUA? Quero que essas autoridades expliquem como ou por que
decidiram o que decidiram, porque suas decisões são não apenas tolas, mas
 também arbitrárias. E quero saber se empresas aéreas estrangeiras sempre
mostram suas listas de passageiros aos territórios que sobrevoam, ou se apenas
 o fazem aos EUA, e desde quando? E este tipo de coisa é uma ocorrência
 frequente? Quantos outros passageiros foram obrigados a retornar desta maneira?

Acho que devo constar de uma lista negra dos EUA, embora nunca tenha sido
informada do fato. Suponho que eu esteja em uma lista negra porque fui presa
na Bolívia em 1992 em função de meu ativismo político. Fui torturada, encarcerada
e acusada --juntamente com o atual vice-presidente eleito da Bolívia, Álvaro
Garcia-- de integrar uma organização guerrilheira. A acusação foi arquivada por
 falta de provas, e todas as acusações contra mim foram oficialmente arquivadas
em 2007.

Aqueles entre nós que constamos de uma "lista negra" do governo dos EUA --por
uma grande gama de razões em muitos casos absurdas-- não estamos pedindo que
nos deixem entrar nesse país. É uma aberração não permitir que um avião viaje pelo
 ar quando nós estamos a bordo dele.

Muitos vôos comerciais que partem do México com destino à Europa passam pelo
espaço aéreo dos Estados Unidos; será que qualquer mexicano que os EUA decidam
incluir em uma lista negra terá que encontrar rotas alternativas? Minha preocupação
não é apenas comigo mesma. Qualquer pessoa --homem, mulher ou criança-- que viaja
deve poder fazê-lo ciente de que não será arbitrariamente impedida de chegar a seu
destino.


Raquel Gutierrez Aguilar é professora de sociologia na Universidade Autônoma 
de Puebla. Ela participou das guerras da água de Cochabamba, na Bolívia, em 2000.


Tradução de Clara Allain


Leia mais em: O Esquerdopata: Por que os EUA têm medo de mim?
Under Creative Commons License: Attribution

domingo, 24 de julho de 2011

BAND VEICULA MENTIRAS SOBRE RAPOSA SERRA DO SOL

22.07.11 - Brasil
Nota de Repúdio: Band veicula mentiras sobre Raposa Serra do Sol
 
Várias organizações
Adital
Decorridos dois anos do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal – STF, que reconheceu a legalidade da homologação da terra indígena Raposa Serra do Sol, os povos indígenas que ali vivem continuam sob intensa perseguição por parte da classe política e dos rizicultores. Na segunda semana de julho de 2011 os ataques aos povos indígenas ficaram mais evidentes com a divulgação de uma série de reportagens pela TV Band.
As reportagens são mentirosas em todos os aspectos que tratam da questão indígena e, mais precisamente, quando aludem aos povos da terra Raposa Serra do Sol. A referida terra indígena é território tradicional dos povos Makuxi, Wapixana, Ingaricó, Taurepang, Patamona e Sapará, que trabalham e produzem para seu sustento e cada vez mais buscam elevar sua qualidade de vida. Lamentavelmente, o poder público – tradicional aliado dos grupos anti-indígenas, tem se mostrado negligente para atender aos pleitos desses povos.
As imagens, por exemplo, que mostram indígenas recolhendo lixo não refletem a realidade. Essa situação existe há muito tempo em Roraima como conseqüência da exclusão social. Do lixão de Boa Vista sobrevivem pessoas de vários segmentos excluídos, entre os quais um pequeno grupo de indígenas – que, morando na capital, não tem acesso a educação, saúde, emprego, moradia e outros mínimos benefícios porque o Estado de Roraima tem se mostrado incompetente para formular políticas contra a exclusão social.
Repudiamos as autoridades governamentais que tem se prestado a assumir a bandeira dos grupos anti-indígenas que tentam, por todos os meios, rever a regulamentação da terra indígena Raposa Serra do Sol, mobilizando, para isso, as mais altas autoridades do país.
Reafirmamos o compromisso de defender o direito de todos os povos da terra Raposa Serra do Sol bem como de todos aqueles que buscam o reconhecimento e a regularização de seus territórios tradicionais, ao mesmo tempo em que estaremos sempre vigilantes contra os meios de comunicação que agem de forma tendenciosa e mentirosa, desprezando os princípios éticos da comunicação e o direito de todo sociedade à informação.
Manaus (AM), 17 de julho de 2011.
Associação dos Povos Indígenas de Roraima – APIRR
Associação Indígena Tupinambá da Serra do Padeiro – AITESP
Conselho Indígena de Roraima – CIR
Conselho Indigenista Missionário – CIMI NORTE I
Federação das Organizações Indígenas do Médio Purus - FOCIMP
Organização das Mulheres Indígenas de Roraima – OMIR
Organização Dos Indígenas da Cidade – ODIC

PARA ENTENDER O MORTICÍNIO DA NORUEGA

DOMINGO, 24 DE JULHO DE 2011

Para entender o morticínio da Noruega no contexto da indústria do ódio anti-islâmico

Pedro Porfírio


Falcões de Israel/AIPAC e Murdoch investiram pesado na guerra global racista e intolerante





“Estamos descobrindo agora que a própria mídia controla estados e governos. É perfeitamente razoável que tenha, também, construído osscripts das guerras, os resultados eleitorais, os atos de terrorismo e o descalabro geral que empurrou os EUA para uma década de selvagem e inútil derramamento de sangue, para vingar-se de atos de terrorismo que provavelmente, não foram obra de terroristas estrangeiros”. Gordon Duff

Gordon Duff, veterano da guerra do Vietnã, editor sênior da Veterans Today.
Sua carreira incluiu uma vasta experiência no setor bancário internacional, juntamente com áreas tão diversas como consultoria em contra-insurgência, tecnologias de defesa ou atuando como agente diplomático da ONU e grupos humanitários.

Um documento de 1.500 páginas redigido, aparentemente, por Anders Behring Breivik, o norueguês que matou 92 pessoas em dois atentados em Oslo na última sexta-feira, revela que o ataque já era preparado desde o outono de 2009. Anders Behring Breivik, um norueguês de 32 anos, deixou para trás um manifesto detalhado descrevendo como se preparou para os ataques e convocando para uma guerra civil e cristã a fim de defender a Europa contra a ameaça de dominação muçulmana, divulgaram neste sábado as autoridades norueguesas e americanas que participam das investigações

O morticínio recorde que abalou a pacata Noruega dos brancos loiros de olhos azuis, torrão do mais elevado IDH do mundo, é o resultado assombroso da globalização do ódio e da intolerância, inserindo-se na mesma teia da irresponsabilidade midiática protagonizada pelo bilionário Rupert Murdoch, cujas façanhas inescrupulosas estão vindo à tona a partir dos criminosos grampos telefônicas da Grã-Bretanha, e da ofensiva agressiva do governo de Israel, intensificada após discurso em que Barack Obama admitiu apoio ao Estado palestino.

Essa matança só não cumpriu seu objetivo inteiramente porque a polícia prendeu o atirador, um ultradireitista norueguês de 32 anos, que não resistiu à prisão, nem tentou se matar após o crime. Até então, a mídia internacional já havia forjado uma declaração atribuída a um grupo islâmico, que teria assumido os atentados.

Desde os anos 90, a tranquilidade polar dos países nórdicos vem sendo contagiada pela propaganda explosiva da fronteira fechada aos emigrantes, especialmente aos islâmicos, produzindo uma seiva venenosa extraída da falácia de que “a cultura do país seria diluída pela imigração vinda de países com valores e religiões diferentes”.

Esse atentado não é uma surpresa para quem acompanha a manipulação mortífera de uma mídia patrocinadora de uma “guerra global” incensada a partir de Israel e do complexo sionista mundial, do qual Murdoch se fez a maior expressão, dotando-se de poderes superiores a qualquer governante.

Judeus pacifistas de vários países mundo já haviam detectado o perigo trágico que a intolerância de sionistas extremistas desenhava, ante o crescimento de vozes discordantes dentro de Israel, notadamente no âmbito universitário e no movimento PAZ AGORA, que ganha milhares de adesões em seus esforços para barrar a sanha terrorista do governo de Israel.

As resistências internas à implantação de colônias judaicas em território palestino implementadas pela coligação de extrema-direita crescem, mas provocam um traumático efeito inverso: os chefes dessa aliança - o premier Netanyahu, do partido Likud, de direita, e o ex-leão-de-chácara nascido na Moldávia soviética, Avigdor Lieberman, chefe de um partido com maioria de emigrantes russos e atual chanceler de Israel – estão bancando a intolerância anti-islâmica na Europa, tendo como principal ferramenta o império midiático de Murdoch, antigo colaborador da extrema direita no mundo. Nascido na Austrália, ele é cidadão israelense e ganhou em 1985, de Ronald Reagan, também a cidadania norte-americana, condição legal indispensável para comprar uma das maiores redes de TV e vários jornais nos Estados Unidos.

O dono mundo que fabrica o ódio

Para alcançar meu raciocínio vale a pena ler o artigo traduzido de Gordon Duff:Murdoch/Israel: Do que ninguém fala escrito no Veterans Today - - no qual ele perfila a natureza essencial dessa ultra-poderosa rede midiática:

“Já se começa a dizer que Murdoch controla, há no mínimo 20 anos, todo o sistema político dos EUA e da Grã-Bretanha. Tem poder para eleger e derrubar líderes nacionais, escolher políticas, aprovar leis. De onde vem tanto poder? Sabe-se hoje que vem de espionagem, gravações clandestinas, invasões de telefones e e-mails, suborno de autoridades e muita propaganda. Sim, mas... a serviço de que agenda? Aí está o xis da questão.
É possível que se trate de vender jornais de escândalos e de espionagem a favor de Israel, para empurrar a Grã-Bretanha e os EUA na direção de fazer guerras em nome de interesses de Israel? Há resposta simples.
A motivação básica de Murdoch nem é que ele opere “para Israel”. Murdoch é, provavelmente, o mais influente israelense que há hoje no mundo, muito mais poderoso que Netanyahu. O problema é que Murdoch é homem de idiossincrasias que só se podem descrever como “ultranacionalistas” pró-Israel.
Por isso Murdoch é ameaça grave. Os ultranacionalistas são conhecidos por apoiar guerras, planejar ataques terroristas, manipular populações até converter as pessoas a se matarem umas as outras por questões religiosas, por racismo, sempre semeando o medo e o pânico, quando não promovendo a ruína financeira de muitos”.

Essa visão coincide com as preocupações dos militantes da resistência pacifista dentro de Israel, como escreveu Carlo Strenger no Haaretz, dia 13 de julho passado no artigo: A coalizão macartista está levando Israel a uma viagem perigosa.


“O resultado do sistemático insuflamento, por Netanyahu e Lieberman, dos temores existenciais dos israelenses é tangível: as pesquisas de opinião mostram que os israelenses estão profundamente pessimistas sobre a paz; na maioria não confiam nos palestinos. E na geração mais nova, a crença nos valores democráticos está erodida”.

Propaganda dirigida: na raiz dos atentados na Noruega

Na busca da gênese dessa matança na Noruega não é forçado visualizar a propaganda da intolerância anti-islâmica disseminada pela AIPAC nos EUA e pelos falcões de Jerusalém em parceria com o poderoso chefão da mídia, agora desnudado com as revelações sobre os métodos ilegais e imorais de suas empresas jornalísticas.

Na sua análise sobre Anders Behring Breivik, o fazendeiro de 32 anos que confessou a matança na ilha de Utoeya, reconhecendo com frieza que foi “cruel, mas necessária”, Jorn Madslien, da BBC News, observa que ele não agiu sozinho, pois não é um simples “nacionalista”, mas um decidido extremista de direita, auto-definido como “fundamentalista cristão”, sintonizado com grupos que cultivam o medo para encurralar os governos escandinavos:

“Segundo o jornal norueguês Aftenposten o medo é aumentado pela mistura potencialmente explosiva de recessão econômica, aumento do racismo e um sentimento anti-islâmico ainda mais forte” - acentuou.

Os mais de 600 jovens trabalhistas atacados pelo extremista haviam aprovado uma resolução em que pediam ao governo do seu partido um boicote a Israel, proposta que formalizaram na quinta-feira ao ministro do Exterior, Jonas Gahr Store, durante a visita que este fez ao acampamento, na qual, como noticiou a agência Reuters, ele declarou apoio ao reconhecimento do Estado Palestino e à demolição do muro construído por Israel para cercar a área sob a autoridade palestina.

Militante da direita anti-islâmica

Ao prender o atirador e submetê-lo ao primeiro interrogatório, o Chefe de Polícia de Oslo, Sveinung Sponheim, disse que mensagens suas publicadas na internet mostram que ele “tem opiniões políticas voltadas para a direita, anti-islâmicas”.

Voltemos ao artigo traduzido de Gordon Duff: Murdoch/Israel: Do que ninguém fala:

“Quem Murdoch odeia acima de todos os demais ódios? Os muçulmanos, claro. Todos os muçulmanos são “do mal”. De todas as coisas que Murdoch toca, em todas as cenas que suas publicações (centenas!) exibem, em todas as notícias que distorcem, o item que nunca falta, o que nunca essa gangue de degoladores deixa de reafirmar é, sempre, o ódio deles contra os muçulmanos. Com isso, satisfazem os amigos em Israel”.

Há uma grande expectativa sobre o depoimento que Anders Behring Breivik deverá prestar perante um juiz, nesta segunda-feira, em Oslo. O nervosismo aumenta por sua frieza: ao contrário de outros envolvidos em ações semelhantes, ele nem tentou se matar, nem resistiu à ordem de prisão. Desde a noite de sábado, a polícia o mantém incomunicável, mas há que tema por uma “queima de arquivo” antes da audiência.

Para mim, não há dúvida de que ele não agiu sozinho, tal a abrangência das duas ações terroristas. Há suspeitas sobre o próprio comportamento da polícia, que só chegou à ilha, distante 40 km de Oslo, 45 minutos após o último disparo, numa ação que durou uma hora e meia.

Pior ainda: embora a matança de sábado tenha sido o ato mais trágico da Noruega desde o fim de segunda-guerra, em 1945, a mídia internacional tem sido econômica nas matérias a respeito, dando maior destaque à morte da jovem cantora Amy Winehouse, provavelmente por overdose de cocaína.

Como se vê, tem fundamento lógico entrelaçar no mesmo comentário a tragédia da Noruega, as peripécias de Murdoch e a ofensiva belicista das autoridades de Israel.

sábado, 23 de julho de 2011

A internacionalização imaginada da Amazônia

A internacionalização imaginada da Amazônia
Os temores diante da possibilidade do domínio da Amazônia por estrangeiros já fazem parte da história brasileira. Embora esses temores nem sempre sejam verdadeiros – às vezes são –, certamente revelam muito sobre quem os sente. Nos últimos quinze anos, os discursos sobre a existência de uma cobiça externa por esse território têm ganhado força e a internacionalização da Amazônia é um tema constantemente revisitado. Atualmente, entre os diversos segmentos da sociedade preocupados com essa questão – cientistas, políticos, militares, ambientalistas, representantes de ONGs e movimentos sociais – encontram-se análises que assumem visões distintas sobre a internacionalização: uma funciona pela noção de território, ligando-se à idéia de Estado-Nação; outra opera pela noção de capital, e é crítica à transnacionalização da economia.
Para aqueles que imaginam a internacionalização a partir da perspectiva do território, a invasão e a tomada da Amazônia por outras nações, com a criação de um governo específico para sua gerência, são factíveis e, embora ainda não tenham acontecido, se constituem em perigos iminentes com os quais o Estado brasileiro deve se preocupar. Os defensores dessa hipótese, principalmente os militares brasileiros, argumentam que as reservas de energia e água do planeta estão próximas do esgotamento e que o potencial da floresta amazônica resultará, inevitavelmente, em futuras investidas das grandes potências mundiais sobre o território brasileiro. Os discursos proferidos por autoridades estrangeiras com freqüência alimentam tais desconfianças, como a fala de Pascoal Lamy, na época comissário de Comércio da União Européia, e atual diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) que, ainda este ano, se referiu às florestas tropicais mundiais como “bens públicos mundiais” que deveriam ser submetidas a uma “gestão compartilhada internacional”.
Já os que analisam sob o ponto de vista do capital, denunciam que a internacionalização da Amazônia já está acontecendo, não pela tomada de território físico, que é considerada hipótese remota, mas por mecanismos mais atuais e refinados ligados à exploração econômica: a aposta cada vez mais forte na mercantilização da natureza; a abertura ao mercado externo; o estímulo à participação do capital estrangeiro no país; e a flexibilização das políticas de exploração das florestas. Nessa perspectiva, os inimigos – os interesses transnacionais – já estariam em território amazônico representados pelas indústrias madeireiras, mineradoras, farmacêuticas e de sementes.
Essas noções de internacionalização têm sido mobilizadas em diferentes situações e, muitas vezes, em nome da defesa dos interesses nacionais e da soberania do país, resultam em generalizações e reducionismos perigosos, alerta Andréa Luisa Moukhaiber Zhouri, do Departamento de Sociologia e Antropologia da Universidade Federal de Minas Gerais. Para a pesquisadora, a polarização nós-eles, brasileiros-estrangeiros, tem transformado sociedades multiétnicas e multiculturais em massas sem especificidades e diferenças.
Nessa lógica, ambientalistas são tomados por capitalistas, todas as ONGs são tratadas como invasoras e qualquer uso de recursos estrangeiros é classificado como prática de incentivo à internacionalização. Como resultado, movimentos sociais, ONGs, entidades estrangeiras, comunidades indígenas e tradicionais, que lutam pela garantia de direitos humanos e ambientais, têm suas reivindicações desautorizadas e temas complexos como a sustentabilidade na Amazônia são reduzidos a problemas de conspiração internacional e segurança nacional.
Forças armadas trabalham com possível invasão da Amazônia
Se, para muitos, a internacionalização da Amazônia, como apropriação e ocupação de território, é apenas uma lenda, um mito, um fantasma, para as Forças Armadas brasileiras ela é uma possibilidade. O cientista político Paulo Ribeiro Rodrigues da Cunha, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), conta que “os militares brasileiros hoje analisam que a situação não é propriamente de perigo, mas que remete, projeta, um conflito futuro para daqui a 30 ou 40 anos com o inimigo mais provável: os EUA”. Por isso, os militares tornaram a Amazônia uma prioridade nacional quando o assunto é a defesa da soberania do país e têm, sistematicamente, transferido tropas do sul para a região Norte.
Cunha avalia como “extremamente positiva” essa movimentação das Forças Armadas. Em sua opinião, “não devemos ser paranóicos, mas muito menos ingênuos. Objetivamente temos que pensar que a internacionalização é algo que pode de fato acontecer. Embora estejamos em um mundo ‘civilizado’, estamos muito próximos da barbárie, cujos valores são construídos e facilmente subjugados aos interesses econômicos, como vimos no Iraque”.
A ameaça de ocupação internacional da floresta já alimenta os projetos das forças armadas a muitos anos. Entre os argumentos apresentados pela Secretaria Geral do Conselho de Segurança Nacional para a criação do Projeto Calha Norte, em 1985, por exemplo, estavam: a cobiça internacional dos recursos minerais existentes na região; o crescente trânsito ilegal de estrangeiros; a instabilidade interna nos países vizinhos; a intensificação dos conflitos de terras; e pressões (internas e, sobretudo, externas) para criação de reservas indígenas em áreas ricas de minérios e na faixa de fronteira. Essa argumentação se repetiu na época da implementação do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam). É o que explica Geraldo Lesbat Cavagnari Filho, fundador e pesquisador do Núcleo de Estudos Estratégicos da Unicamp, em seu artigo “Defesa com democracia e desenvolvimento”.
Fonte: http://www.fpa.org.br/td/td24/td24_debate01.htm
Cavagnari, que não acredita numa possibilidade de invasão do território nacional por forças estrangeiras, teme que “a paranóia da internacionalização esteja reduzindo equivocadamente a defesa nacional à defesa da Amazônia”. Para ele “não se deve pensar a Amazônia sob critérios de defesa militar, sem nenhum compromisso com a preservação do meio ambiente e sobrevivência das comunidades indígenas, na perspectiva de solucionar um problema militar que é inexistente”.
Mecanismos atuais de internacionalização operam pelo capital
Para o ex-governador do Amapá e atual senador João Alberto Capiberibe “a idéia de internacionalização como invasão e tomada do espaço físico é um pouco remota”. Em sua opinião, a internacionalização do Brasil já se deu com a entrada de capital financeiro estrangeiro. “Os mecanismos atuais de dominação não passam necessariamente pela presença física de uma ou outra potência. Eles mudaram, e são tão danosos ou piores. Quando temos a presença física do inimigo sabemos como nos defender, mas quando temos a presença do capital financeiro que, do dia para noite, muda de um lugar para o outro e deixa a população na mais completa miséria, aí é complicado de combater”, analisa.
Para o economista Aluízio Lins Leal, da Universidade Federal do Pará (UFPA), a Amazônia também já está internacionalizada pelo capital. “Hoje não se internacionaliza como antes, com guerras. Hoje o capital tem uma plasticidade tamanha que uma guerra é internacionalizada por meio do controle das economias dos países em desenvolvimento. E aqui na Amazônia o núcleo estratégico da economia regional está todo nas mãos do capital multinacional”, disse em entrevista recente ao Boletim da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB).
Segundo o economista, os grandes projetos minerais da Amazônia estão atualmente sob controle da empresas estrangeiras – a canadense Alcan Alumínio do Brasil, a multinacional brasileira Vale do Rio Doce e a Albras, da Alunorte, controlada pela Nikon Amazon Aluminum Corporation – que juntas abastecem o mercado mundial com bauxita metalúrgica e alumínio primário. Carajás também é controlada por capital japonês e exporta aproximadamente 90 milhões de toneladas de minério de ferro por ano. As mineradoras Pará Pigmentos e a Rio Capim Caulim são duas associações de empresas brasileiras com capital estrangeiro que, segundo Leal, daqui a três anos vão transformar o Pará em um exportador de caulim maior do que os Estados Unidos.
A retomada de grandes projetos de infra-estrutura para a região amazônica, que foram abortados na década de 1970 e 1980 por conta da crítica ambientalista, também é, na opinião de Andréa Zhouri, um plano de abertura da floresta para o mercado externo operando, nesse sentido, a internacionalização econômica da Amazônia. Destacam-se a Iniciativa de Integração da Infra-estrutura Regional Sul-americana (IIRSA) <Leia mais na entrevista com Elisangela Paim “Projeto milionário pode trazer graves prejuízos ambientais” >, um ambicioso projeto para o setor de transportes, avaliado em mais de US$ 20 milhões, que visa a retomada da estratégia dos eixos de abertura para integração econômica dos países sul-americanos; e a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte no alto do Xingu que foi aprovada recentemente < leia mais no dossiê organizado pelo Instituto Socioambiental “A polêmica da Usina de Belo Monte” >. “O retorno desses empreendimentos denota a existência de um plano de desenvolvimento para a Amazônia voltado para exportação de mercadorias, com fins de acumulação de riqueza abstrata, e não com fins de um desenvolvimento local, alternativo, que incorpore as culturas, as diversidades locais e as condições ecológicas das localidades”, analisa Zhouri.
Internacionalização alimenta “nacionalismo seletivo”
Quando se fala em internacionalização, hoje, as dúvidas e acusações recaem, na maioria das vezes, sobre as organizações não-governamentais de forma generalizada. “A maioria das ONGs trabalha com interesses ambientais e das comunidades locais, mas é claro que existem algumas que representam interesses do grande capital e que estão lá para fazer biopirataria”, comenta Capiberibe. Para o senador “é preciso modificar o discurso, principalmente no parlamento, em que há uma tendência de classificar todas as ONGs na vala comum: da infiltração, da tentativa de internacionalizar e dividir o país. Isso não é verdade, tanto que existe um conflito com as oligarquias locais que querem a floresta para exploração dos recursos madeireiros na Amazônia sem nenhuma preocupação com limites legais ou éticos”.
Para Andréa Zhouri, o discurso da internacionalização da Amazônia tem sido usado em diferentes momentos da história brasileira, principalmente por políticos e militares, quando o assunto é demarcação de terra indígena ou preservação das florestas, caracterizando uma espécie de “nacionalismo seletivo, que é permissivo quando se tratam dos atores do capital, mas que é desconfiado quando se trata da sociedade civil ou entidades que representam a defesa dos direitos das comunidades ou os direitos ambientais”.
Em seu artigo “O fantasma da internacionalização da Amazônia revisitado” a cientista social mostra que os temores de uma possível internacionalização da Amazônia deram legitimidade ao exército para, em 2001, investigar movimentos sociais, organizações sindicais, partidos políticos e ONGs, em especial, MST, a CUT, o PT e ONGs ambientalistas que “eram consideradas como 'forças adversas', admitindo-se 'arranhar direitos' em seu combate”. Em sua opinião, “ao deslocarem a atenção para ONGs e movimentos sociais, os militares deixam escapar da crítica os interesses transnacionais realmente atuantes na Amazônia: as indústrias madeireiras, mineradoras, farmacêuticas e o agronegócio”. Além disso, contribuem para deslegitimar as demandas dos povos indígenas, ambientalistas e defensores dos direitos humanos na sociedade, como se viu no caso do massacre dos Yanomami e, mais recentemente, na demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol.

Atualizado em 10/08/2005